domingo, 2 de janeiro de 2011

Ciclos

E o ano novo se inicia.
Ele simplesmente chegou como faz a cada 365 dias e pequenas frações de tempo.
Sem licença para entrar em cena e sem força de imposição. Apenas a modificação do dia que foi ontem no dia que irrompe hoje, depois de jornada celeste que abraçou o sol.
Assim como veio, sai de cena, sem segundo tempo ou prorrogação.
Os rituais de luzes, sons e gestos inventamos nós, para nos acalentar. Uma forma de saudar, de desejar bons augúrios para a nova viagem que se inicia, mas em cada alma um desejo escondido. Quando o ano nos parece generoso aflora o apego, a vontade de retê-lo, mas se os dissabores rondaram nossas realizações, apressamo-nos em desembarcar.
Mas ele não é um veículo. Ele não é meu ou seu. Ele não é real ou virtual. É pura imaginação. Paradoxal, porque as marcas visíveis dos corpos, das pedras, das casas aumentam incessantemente. E, assim como o ano, eles também saem de cena, num rito de renovação da vida e esperança.
Ciclos.

Lucia Maria Paleari