Diário de Bordo
O gelo e a vida em
um lago profundo
Por Lucia Maria Paleari
lpaleari@ibb.unesp.br
Depois de conhecer o
comportamento peculiar da água que, diferentemente da maioria dos materiais, se torna menos densa ao passar do
estado líquido para o sólido, os integrantes do Clube de Ciências, da EMEF “Dr. João Maria de Araújo Jr.”, de Botucatu, puderam saber quão importante é esse
fenômeno para os seres vivos que habitam lagos de regiões temperadas, onde o
frio é tão intenso, que faz suas águas transformarem-se em gelo.
Nas imagens abaixo é possível observar as águas do lago
Stadtsee, ao sudoeste da Alemanha, onde as temperaturas, do verão ao inverno,
oscilam de +30°C a -15°C, respectivamente.
Sobre lagos profundos
na Primavera e no Verão
Sobre lagos profundos
na Primavera e no Verão
Os lagos fazem parte do que os ecólogos denominam de
ecossistema aquático. Como todo ecossistema, ele é constituído de uma porção
não viva (abiótica) e outra composta pelos seres vivos (biótica). A água do lago, assim como o terreno sobre o qual ela se assenta,
os minerais e gases dissolvidos entre suas moléculas são os componentes
abióticos. Algas, crustáceos, larvas de insetos e peixes, são, por sua vez, os
componentes bióticos desse ecossistema.
Como os seres vivos de uma cadeia alimentar dependem dos
produtores, vegetais clorofilados que
produzem alimento por meio do processo de fotossíntese, em um lago profundo esses
seres serão encontrados principalmente no trecho que vai da superfície até
aproximadamente 15m de profundidade, porque é esse o trecho, em condições
normais, penetrado e aquecido pela luz do sol. Além disso, até cerca de uns
10m, o vento que sopra na superfície provocando ondas, movimenta e areja a água, permitindo a entrada e saída de gases. Assim, as plantas aquáticas podem fazer fotossíntese e, como os animais, respirar e crescer. Elas servirão de alimento a pequenos animais, como crustáceos, que serão alimento de pequenos peixes e estes peixes de outros peixes maiores. Abaixo dessa profundidade a água se mistura muito menos, contém menos ar e permanece mais calma, mais quieta.
Nessas regiões mais profundas, por não haver plantas ou serem raras,
encontram-se poucos peixes, aqueles que se alimentam de plantas e animais que
morrem nas regiões superficiais e vão para o fundo.
Sobre lagos profundos
no Outono e Inverno
no Outono e Inverno
As boas condições à vida começam a mudar com a chegada do
outono, quando os raios do sol passam a incidir obliquamente na Terra,
que será menos aquecida. Com isso, o lago também será menos aquecido e ficará
mais frio. (Veja, abaixo, o vídeo As Estações do Ano).
No post anterior,vimos o que acontece inicialmente com a água ao ser colocada no congelador de uma geladeira: ela esfria e se contrai, porque as moléculas vibram menos e se aproximam umas das outras, e fica mais densa. O mesmo acontecerá com a água da superfície de um lago a partir do outono, nas regiões de inverno rigoroso. Ficando mais densa, portanto mais pesada, a água da superfície irá para o fundo e aquela que lá está, mais quente, será deslocada para a superfície do lago.
Veja, a seguir, a representação desse fenômeno.
Representação do movimento cíclico de desce e sobe de
águas mais frias e mais quentes, de um lago profundo, a partir do outono (imagem adaptada de Brandwein & Burnett, 1970*) |
Esquema mostrando as diferentes temperaturas da água,
no interior de um lago profundo, durante o inverno (imagem adaptada de Brandwein & Burnett, 1970*). |
* Brandwein, P.F.; Burnett, R.W & Stollberg, R.
Biología: La vida – Sus formas y sus câmbios.
México : Publicaciones Cultural S.A, 1970.
Agradecimento muito especial ao Peter Lohr e Drª Edy de Lello Montenegro pelas informações sobre o lago Stadtsee e empenho na obtenção das fotos.
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